segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cantiga da Ribeirinha

Cantiga da Ribeirinha, ou Cantiga de Guarvaia, é o primeiro texto literário em língua galaica-portuguesa de que se tem registro. (1198, Paio Soares de Taveiros)

No mundo non me sei parelha,

mentre me for' como me vai,

ca ja moiro por vós - e ai!

mia senhor branca e vermelha,

Queredes que vos retraia

quando vos eu vi em saia!

Mao dia me levantei,

que vos enton non vi fea!


E, mia senhor, des aquel di', ai!

me foi a mi muin mal,

e vós, filha de don Paai

Moniz, e ben vos semelha

d'haver eu por vós guarvaia,

pois eu, mia senhor, d'alfaia

Nunca de vós ouve nem ei

valía d'ũa correa.

domingo, 16 de junho de 2013

Uma breve análise sobre a história da língua portuguesa

    É de conhecimento comum o fato de a língua portuguesa ser oriunda do latim. Porém, essa origem encontra-se fundamentada em uma variedade oral linguística denominada - erroneamente, se colocada em evidência o caráter depreciativo do termo - como latim "vulgar". Poucos documentos existem acerca do latim vulgar, visto que era mais utilizado em prática oral, enquanto a forma culta do latim fosse mais utilizada em documentos, práticas religiosas e literatura; todavia, com os ciclos de mudança da língua e a formação dos romances, línguas em período de transição, alguns resquícios do latim vulgar podem ser encontrados em dialetos românicos.

     Com o romance instaurado na sociedade da porção oeste da Europa, região a qual posteriormente tornar-se-ia a Península Ibérica, uma nova língua se construiu. Estava formado o chamado galego-português. O idioma era difundido majoritariamente através de seu uso em canções de um período literário conhecido como trovadorismo. Os primeiros cancioneiros (coletivos de canções trovadorescas), que são também os primeiros registros de tal língua, datam do final do séc. XVIII e final do séc XV, levando a titulação, respectivamente, de "Cancioneiro de Ajuda" e "Cancioneiro da Vaticana".
 




       Outros acontecimentos que acarretaram influências linguísticas e são bastante notórios na formação do português arcaico são as diversas invasões que a Península sofreu. A língua dos invasores, conforme os opressores conquistavam o território, sofriam um processo de superestrato em relação ao galego-português.

          Entretanto, nesse momento, o processo criador da língua portuguesa arcaica está bastante avançado, contando com influências advindas desde sua forma primeira, o latim oral com menos formalidade. Dessa forma, inicia-se a consagração da língua falada na faixa oeste da Península Ibérica, a identificação de um povo.

sábado, 15 de junho de 2013

Linha do Tempo

Prezi

Vídeo "A História da Língua Portuguesa"




O vídeo traz uma concepção geral da formação da língua portuguesa, abrangendo desde aspectos pré-românicos, dando uma margem maior à perspectiva histórica.







Curiosidades:
    * Ao tempo 06:20, tem-se durante 20 segundos uma demonstração de um cancioneiro - coletânea de canções medievais escritas em galego-português.
    * No tópico seguinte à canção, "O Galego", é apresentada uma outra música, porém desta vez, galega. Apesar de alguns pontos da língua portuguesa medieval e a atual diferirem, são perceptíveis os pontos de divergência entre o galego e o português, na história linguística.


Conversa de falantes de diferentes idades e regiões de Portugal atual

No vídeo, três pessoas falam português. Um português mais jovem de Lisboa, uma portuguesa velha de perto da Galícia, e uma francesa que fala português. Acho difícil entender, principalmente a velha. Os mais novos é mais fácil mas ainda é um pouco estranho. A gente pode ouvir a variação da língua falada.
Sobre a questão da identidade de um grupo, que é dada pela língua, No caso do vídeo, no grupo familiar, ela não o reconhece como sobrinho porque ele não fala a mesma língua.
A diferença entre o português mais antigo e mais moderno não é tão grande, mas ainda existe. Por exemplo, a velha falou ‘despues’, como em espanhol, e  nós  falamos ‘depois’. E também, ela perguntou ‘porque não fala nossa fala’. Entemdemos a frase, mas no português atual a pergunta seria ‘porque não fala nossa língua’.
Outras palavras com sons e até palavras inteiras em espanhol que ela fala no filme:
Lebianas, (levianas) voluntarioso, conbenceu (convenceu), partirse (partir), homenzarron (homenzarrão),aguantaron (aguentaram), bieron (vieram)


A língua é viva, e o português está se formado a cada segundo. Tenho certeza de que existem algumas palavras, que usamos agora, e não vamos mais usar daqui a cinquenta anos, sei lá.

Fonte: fragmentos do filme "Viagem ao Princípio do Mundo, de
                                             Manoel de Oliveira (1997)
           Só será projetado na apresentação, mas não permanecerá
           postado no blog por causa de direitos autorais.

introdução à apresentação

No vídeo os dois falam sobre o Afonso de Portugal.
Dom Afonso I de Portugal, mais conhecido por Dom Afonso Henriques, foi o fundador do Reino de Portugal e o seu primeiro rei, com o cognome O Conquistador, O Fundador ou O Grande, pela fundação do reino e pelas muitas conquistas. O pai dele era D. Henrique de Borgonha, que era francês. Após a morte de seu pai, Afonso tomou uma posição política oposta à da mãe e após vencer a sua mãe na batalha de São Mamede em 1128, assumiu o governo.
O legado do seu reinado foi, entre outros:
A fundação da nacionalidade, reconhecida pelo papado e pelos outros reinos da Europa;

A pacificação interna do reino e alargamento do território através de conquistas de territórios mouros, empurrando as fronteiras do Condado Portucalense para sul.

Fonte: fragmento do filme "Viagem ao Princípio do Mundo",
           de Manoel de Oliveira (1997)
           Só será projetado na apresentação mas não permanecerá
           postado no blog por causa de direitos autorais

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Registros antigos da língua: Notícia de Torto

A Notícia de Torto, escrita possivelmente entre 1210 e 1216, é um relato de uma desavença entre famílias portuguesas e foi considerado durante muito tempo o primeiro documento em português arcaico. O manuscrito original compõe a coleção Corporações Religiosas, Mosteiro de Vairão e está em Lisboa no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
A palavra torto tem como significado “prejuízo imposto injustamente, injustiça feita a alguém” e a notícia se refere  a desavença entre as famílias de Lourenço Fernandes e de Gonçalo Ramires, que foi iniciada com uma quebra de contrato que se desdobrou em ataques físicos empregados contra familiares, empregados e gado do primeiro por parte de empregados do segundo.


O pergaminho é irregular, escrito de ambos os lados e repleto de rasuras, parecendo ter sido usado essencialmente para anotações, um rascunho usado pelo notário e que, provavelmente, foi posteriormente passado a limpo. A informalidade do registro tem importância fundamental à medida que oferece uma mostra mais próxima a forma oral do português arcaico, que de outra forma não poderia ter chegado a nossas mãos hoje. Entretanto é importante salientar que esse texto trata da queixa de Lourenço Fernandes que  vivia em uma região do Minho Central, entre Braga e Barcelos, região que possuia particularidades na forma de falar que não se aplicam a toda a língua portuguesa da época, que era essencialmente fragmentaria, assim é preciso atentar que grafias usadas na Notícia de Torto não ilustram uma uniformidade na escrita e nem mesmo um registro preciso da tradição oral.

Bibliografia:
GROPPI, M.(2002) Notícia de Torto: formas procedentes do latim ille. Filol. linguist. port., n.5, p. 117-142

ILARI, R. e BASSO, R. O Português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos: Editora Contexto, 2006