No século
XIII, a região identificada como Portugal utilizava para redigir documentos
oficiais o latim literário, que cada vez mais sofria influências do latim
vernáculo, ao mesmo tempo em que, documentos de caráter prático destinados a
parcelas da população que não conheciam o latim, transcreviam a fala corrente
caracterizando o que conhecemos hoje por português arcaico.
São aspectos
fonéticos do português arcaico com maiores desafios de representação gráfica
nos textos mais antigos:
– Consoantes Palatais
– Africadas ou fricativas dentais
provenientes da palatalização de outras consoantes
– Representação das vogais e ditongos
nasais
É comum aos
textos antigos a presença de regiões raspadas e letras acrescentadas entre as
linhas, que supostamente seriam corrigidas quando passadas a limpo pelos
escribas, como salienta Ivo Castro (1991):
“Em vez das
formas erradas serem riscadas ou mesmo rasuradas, o escriba limita-se a
escrever-lhes à frente a correção, deixando para a passagem a limpo eliminar o
erro.”
São ainda,
particularidades referentes à grafia que diferenciam o português arcaico do
português atual, entre outras, as seguintes:
- A formação de
hiatos decorrentes da queda de diversas consoantes, principalmente do -n-,
do -l- e do -d- intervocálicos, causando encontros
vocálicos;
- Alternância
constante de vogais orais simples;
- Inúmeros
substantivos e formas verbais terminados em -am, -an, -om, -on;
- A forma
atual não era quase sempre grafada nom;
- A ocorrência de um p entre as duais
nasais com a finalidade de preservar a nasalidade das duas consoantes (m e n);
- Acréscimos e perdas de fonemas ou deslocamento de
fonemas no interior de um vocábulo;
- Substantivos
em mento, provindos de temas verbais do infinitivo, e aqueles
terminados em -ança,-ença, evolução fonética dos latinos -antia,
-entia.
Bibliografia:
CASTRO, I.(1991) Curso de história da língua portuguesa.
Lisboa, Universidade Aberta.
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/p00001.htm
- Acessado dia 16/05 as 16:00.
ILARI, R. e BASSO, R. O Português
da gente: a língua que estudamos, a língua
que falamos: Editora Contexto, 2006